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Manchete de jornal carioca em novembro de 1958 |
Descrição do caso do onibus da linha 109
em e-mail passado a colegas da ETN
11/08/12
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Jose, Pinchus, Ruy, Geraldo
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Queridos "comparsas"
Como até hoje não houve contestação ao termo empregado pelo Gernot para
nos designar, fica definitivamente estabelecido que a turma de
"sobreviventes" de 1959 da ETN será conhecida e tratada como GANG.
Como acredito que todos fomos bons alunos dos mestres da lingua
portuguesa na Escola, Adriano da Gama Khoury e Evanildo Bechara, tambem não
sofrerei nenhuma interpelação adversa de que o tratamento que deve ser
dispensado ao componentes da GANG seja o correto vocabulo empregado - COMPARSAS
!!!!
A introdução é devida para relembrar um fato ocorrido entre final de
outubro/inicio de novembro de 1958 :
Na CT3MM daquele ano estudava um americano, de nome Richards, colega do
Oswaldo, Jaci, Jessenio, Luiz Martins, etc ... Faltando praticamente um mês
para o encerramento das aulas, e, portanto da formatura, o Richards foi
atropelado e morto perto da casa dele, no Leblon, por um ônibus da linha
Grajau-Leblon.
A dor e a revolta nossa pelo acontecimento foi muito grande, todos
ficamos bastante abalados. Não sei de quem ou de que grupo partiu a idéia, mas
o porta-voz foi o Oswaldão - houve a convocação de uma mini-assembleia do
pessoal d o curso técnico para apresentação de um plano de vingança, que
foi apresentado em linhas gerais - incendiar um ônibus da linha Grajau-Leblon
como protesto.
Da reunião já se saiu com tudo planejado - grupos foram formados
com as seguintes missões:
- GASOLINA - com a missão de comprar 10 litros de gasolinas
em bombonas de 2 litros e na hora aprazada ficarem perto do ponto em frente ao Colégio
Lafayette, onde ocorreria a ação. Quando não houvesse mais passageiros no ônibus
jogariam a gasolina e depois um do grupo acenderia o fósforo, apos se
certificar que não houvesse ninguém dentro.
- ONIBUS - este grupo tinha a missão de embarcar no ônibus perto da Casa
da Banha, no Estácio, e fazer com que parasse no ponto em frente
ao Lafayette. Dois elementos fortes imobilizariam o motorista e o
cobrador, enquanto os demais do grupo fariam os passageiros descer do ônibus
-PROPAGANDA - missão de elaborar cartazes com protestos pela violência
do trafego carioca, busca criminosa de lucros pelas companhias de ônibus, etc e
providenciar a colagem durante a ação dos outros grupos.
- SEGURANÇA - ficar no local do evento para prevenir qualquer ação
contraria de pedestres,passageiros, policia ou quem quer que procurasse
obstruir a ação planejada.
A ação foi executada com bastante precisão e eficiência!! O único
contratempo havido foi que alunos do Lafayette sentiram um vai-e-vem maior de
estudantes desconhecidos ali pela área e foram interpelar um grupinho nosso da
ETN. Como o chefe da segurança era o Oswaldão,a intervenção dele conseguiu
controlar a situação e o pessoal do Lafayette ficou só de
"arquibancada".
Pois é, meus queridos comparsas, como já se passaram 54 anos, este crime
da GANG já esta prescrito, e, portanto não existe inconveniente algum em que
aqueles que participaram da ação se nomeiem, principalmente no intuito de que
este episodio de nossa juventude fique registrado em nossas memórias.
O Oswaldo foi o chefe geral da operação e da missão Segurança.
O "Eduardo Pomar" foi o encarregado da gasolina e foi quem
acendeu o fósforo. Lembro que entrei no ônibus para me certificar que não havia
ninguém lá dentro e risquei o fósforo dentro do ônibus. Como havíamos jogado
gasolina nas rodas e no corredor só senti aquela lambada do fogo ..
Consegui pular pra fora do ônibus mas fiquei todo chamuscado !! Lembro bem que
tive de me ausentar da escola quando a policia foi lá na ETN investigar o incêndio
!!!
Espero agora que os "comparsas" que participaram desta
ação se declarem e se assumam , e adicionem informações a essa nossa estripolia
juvenil !!!!
Abraços e
FELIZ DIA DOS PAIS
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